<p><em>Werter Padilha (*)</em></p>
<p><br /><img src="images/artigos/2022/Werter_Padilha_ABES_300.png" border="0" width="300" height="491" style="float: right; margin: 5px;" />No começo de 2022, a IDC divulgou a pesquisa Predictions Brasil 2022, no qual aponta as principais tendências de tecnologia no país para este ano. Segundo a consultoria, o 5G, a nova geração de internet, movimentará no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões até o ano de 2025.</p>
<p>No mercado brasileiro, temos como primeiro marco o leilão, realizado em novembro de 2021, que representou o compromisso das operadoras ganhadoras que investirão cerca de R$ 42 bilhões em infraestrutura para o 5G e mais 5 bilhões serão destinados ao Ministério da Economia. Foram leiloadas as faixas de 700 MHz, 2,5 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz.</p>
<p><span style="font-size: 12.16px;">Este leilão vai beneficiar a conectividade brasileira em outras frentes, pois as operadoras firmaram vários compromissos, como a garantia de internet 4G nas rodovias brasileiras e de internet móvel nas escolas públicas de educação básica.</span></p>
<p>A meta de início das operações do 5G são bem ambiciosas: disponibilização da tecnologia em todas as capitais brasileiras em julho deste ano e em todas as cidades com mais de 30 mil habitantes até 2028, no padrão em formato standalone, que demanda a implantação de uma rede independente da 4G. Entretanto, acredito que todos os prazos deverão ser reavaliados, pois há capitais e cidades brasileiras que precisam investir na infraestrutura e a crise global dos semicondutores ainda continua, um ingrediente dificultador que afeta os projetos em um grande número de países.</p>
<p>Por enquanto, já temos Brasília (DF) como a primeira cidade com 80% de território coberto por esta conexão de alta velocidade, inaugurada em 6 de julho. Segundo a Anatel, as próximas cidades a receberem o sinal serão São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e João Pessoa (PB). Este é outro marco muito importante, que devemos comemorar.</p>
<p>Essa expansão tem ainda outros desafios: só no estado de São Paulo, a InvestSP (Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade) informou que mais de 600 municípios paulistas precisarão alterar as leis que tratam da instalação de antenas de telecomunicações para receber o 5G. Essa é uma realidade que outros milhares de municípios no Brasil deverão enfrentar e esperamos que as mudanças legislativas não demorem tanto, como já vimos no debate da Lei de Antenas. Segundo o Movimento Antene-se, 11 capitais já atualizaram suas legislações sobre o tema.</p>
<p>Assim, o Brasil vive o desafio de transformar o potencial do 5G em realidade, especialmente para acelerar a implementação de projetos de IoT nos setores priorizados pelo Plano Nacional de IoT (PNIoT): saúde, cidades inteligentes, indústria e agro.</p>
<p><span style="font-size: 12.16px;">Quando tive o privilégio de ser convidado para participar, em maio passado, do Qualcomm 5G Summit, em San Diego (EUA), ouvi vários cases de implementação. Comprovei que são muito bem-vindos e vitais os projetos-piloto em andamento no Brasil, que reúnem diversos atores do ecossistema. O mundo está em processo de implantação do 5G e o Brasil não está tão atrasado quanto alguns podem supor. </span></p>
<p>Neste evento, me chamou a atenção os cases já em andamento de projetos na faixa acima de 71GHz, o que mostra a beleza do 5G, aponta como a maturidade da tecnologia está sendo acelerada, trazendo mais velocidade, eficácia e eficiência.</p>
<p>Os projetos-piloto são iniciativas que merecem visibilidade e esperamos que o conhecimento obtido nestas ações seja amplamente compartilhado, para que o 5G avance como desejado, enquanto a infraestrutura está sendo implantada.</p>
<p>Um dos projetos que merece destaque é o OpenCare 5G, uma iniciativa do InovaHC, núcleo de inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), com a participação de empresas de telecomunicações, governo, universidade e instituição financeira para testar a rede privada 5G e o Open RAN, auxiliando a realização de exames de ultrassom em regiões remotas. </p>
<p>No setor de Agro, a Huawei, Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a Coopavel (Cooperativa Agroindustrial de Cascavel) iniciaram o desenvolvimento de um importante projeto de inovação aberta para o agronegócio a partir da utilização de uma rede 5G, inclusive com a participação de startups. A meta é a criação e testes de aplicações inovadoras, como monitoramento e transmissão em tempo real de imagens em alta definição para acompanhamento à distância, funcionamento mais autônomo e inteligente de tratores, colheitadeiras, plantadeiras, semeadoras e pulverizadores, informações precisas sobre condições climáticas e alimentação, comportamento e saúde dos animais.</p>
<p>No que tange ao universo das Cidades inteligentes, temos o Programa Conecta 5G, que permitirá a implementação de redes inteligentes de 5G em municípios brasileiros. O projeto é resultado de um convênio entre a ABDI e o Parque Tecnológico de São José dos Campos (PQTEC SJC) e prevê testes práticos do uso de mobiliário urbano (luminárias inteligentes, desenvolvidas pelas empresas Nokia e Juganu) com antenas 5G integradas, com chipset da Qualcomm.</p>
<p><span style="font-size: 12.16px;">As universidades também estão desempenhando o seu papel. O Projeto 5G Smart Campus Facens, na cidade de Sorocaba (SP), implementou tecnologia de quinta geração a fim de fomentar novas pesquisas, projetos e desenvolvimento de soluções digitais para outros segmentos, como automotivo, Indústria 4.0, cidades inteligentes, telemedicina e educação. Temos ainda o Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas (Citi), da Escola Politécnica (USP), que criará plataformas abertas para mobilidade, segurança e florestas urbanas através de licença experimental 5G da Claro.</span></p>
<p><span style="font-size: 12.16px;">Pelo lado dos consumidores, as vendas de smartphones compatíveis com a tecnologia 5G cresceram 230% no Brasil, entre janeiro e maio de 2022 na comparação com o mesmo período do ano passado, apontou um levantamento da consultoria GfK. Os brasileiros continuam se destacando pela adesão dos early adopters e são mesmo entusiastas por novas tecnologias.</span></p>
<p>De longe, não esgotei as menções às iniciativas em andamento no Brasil que envolvem 5G neste artigo. Espero, em breve, comentar outras ações, linhas de fomento, parcerias e projetos, que vão alavancar esta tecnologia que tem um impacto disruptivo incalculável.</p>
<p><em>(*) CEO da Taggen Soluções IoT e da Sawluz IT; Conselheiro da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software</em></p>
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