<p>O setor de abastecimento também tem sido vítima do crime organizado, registrando, em 2021, um aumento do roubo de carga de 1,7%, com o prejuízo financeiro de R$ 1,27 bilhão, a primeira alta desde 2017, de acordo com a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). As empresas deste segmento têm sofrido com o bloqueio de CEP dos seus pontos de venda, além, é claro da abordagem de criminosos aos seus caminhões e do aliciamento de funcionários de transportadoras e centros de distribuição.</p>
<p>Obviamente que esperar uma solução de segurança pública e a utilização de abordagens tradicionais de segurança privada não resolverão o problema. Então, fica a questão: como operar com segurança em um cenário no qual o crime organizado só cresce e ainda conseguir obter lucro? A resposta para a questão é a Inteligência em Segurança, porém a dificuldade está na implantação de seu processo.</p>
<p>Para funcionar com excelência, a proposta de implantação de um núcleo de ‘inteligência em segurança’ precisa ter a capilaridade necessária entre os diversos segmentos da cadeia produtiva, assim como ser apoiada em uma plataforma robusta de dados para o cruzamento das informações, permitindo a produção de conhecimento e a geração de insights valiosos para o negócio.</p>
<p>A análise deve ser sistêmica considerando o conjunto composto por informações, pessoas, tecnologia, processos e modelo de gestão da segurança. Já as informações precisam ser trabalhadas por um núcleo de inteligência de segurança para que se tenha uma análise dos cenários externo e interno da organização com foco em ações proativas e preventivas por parte do sistema de segurança.</p>
<p>A área de inteligência deve ainda ser capaz de se comunicar com outros atores de inteligência de agências privadas e de órgãos públicos de segurança, bem como transitar pelos diversos tipos de segmentos produtivos. Porém, considerando que o elemento pessoas é um dos mais falhos de qualquer sistema de segurança, há um desafio enorme no monitoramento de riscos e nas vulnerabilidades causadas pelos agentes internos.</p>
<p>Certamente, os processos são extremamente importantes para que tudo ocorra de forma correta, porém precisam ser pensados os procedimentos de rotina, alerta e emergência, bem como deve haver o devido treinamento das equipes de campo para lidar com as situações de crise.</p>
<p>Não menos importante, a tecnologia e a inovação precisam fazer parte do DNA de um núcleo de inteligência em segurança, visto que, além de soluções embarcadas, como as câmeras com Inteligência Artificial e os drones, é preciso que a coleta e a análise de dados sejam instantâneos para que haja capacidade de produzir estatísticas, frequências, probabilidades e tendências e, assim, garantir a preditividade das ações a fim de antecipar medidas mitigatórias aos riscos.</p>
<p><em>(*) Gerente de Segurança Empresarial na ICTS Security.</em></p>