<p>As renováveis, por outro lado, tendem a ser distribuídas e normalmente dispersas em regiões de difícil acesso como colinas com vento, desertos escaldantes, parques eólicos offshore, planícies distantes e outros locais remotos.</p>
<p>Assim como suas contrapartes convencionais, turbinas eólicas e coletores solares exigem monitoramento constante, ajuste frequente e manutenção contínua. Por serem construídas em torno de tecnologias mais novas e sensíveis, suas necessidades de manutenção tendem a ser pelo menos tão grandes quanto as de uma usina tradicional. No entanto, a identificação e correção de problemas e a manutenção de máquinas no local são tarefas muito mais rápidas para quem trabalha em instalações dentro das paredes de uma usina tradicional.</p>
<p>Isso acontece por duas razões. Primeiro porque se as instalações solares fotovoltaicas quiserem ter o mesmo desempenho e a economia de geração de energia tradicional em larga escala, elas precisam utilizar mecanismos que permitam vigilância constante e controle imediato sobre um sistema coletor expansivo. E, segundo, porque a indústria de energia solar, como tantas outras, está no caminho da Transformação Digital. Ou seja: a captura de dados que permita às empresas de energia perceber os benefícios da operação digital é requisito fundamental para tal transição.</p>
<p>No entanto, o fato é que a geração atual de tecnologias está aquém. Por exemplo, tecnologias construídas em torno de sistemas de malha têm sido utilizadas para monitorar e controlar alguns sistemas fotovoltaicos. Suas unidades são frequentemente usadas para gerenciar dispositivos domésticos inteligentes de consumo, bem como equipamentos industriais, a exemplo de sistemas de gerenciamento de tráfego que precisam de conexões sem fio de curto alcance e baixa largura de banda. Os dispositivos contam com redes Wi-Fi e Bluetooth para comunicação, mas são ineficazes sobre grandes distâncias. Já outros tipos de sistemas, como os baseados em celulares ou Radiofrequência, têm outras deficiências, como a ausência de recursos automáticos ou o fraco desempenho em tempo real.</p>
<p>O que fazer, então? <br /><br /><strong>A alternativa mais atraente e inteligente é o uso de sensores e Internet das Coisas.</strong></p>
<p>Sensores não tripulados, conectados à internet e microcontroladores digitais — dispositivos IoT que eliminam os perigos e desafios associados às instalações tradicionais de ligações por cabo — tornam a medição e o monitoramento de dados muito mais fáceis e baratos. Essa arquitetura descentralizada e altamente flexível proporciona uma forma muito mais rápida e eficaz de correspondência às implantações em instalações solares extensas.</p>
<p>O mesmo recurso pode ser igualmente usado para monitorar, analisar, transmitir e otimizar o desempenho das instalações solares residenciais. De fato, com o surgimento de energia solar residencial e outras tecnologias renováveis, a rede de energia norte-americana, por exemplo, tornou-se mais distribuída do que nunca. E as instalações domiciliares devem triplicar até 2025, de acordo com uma análise do Credit Suisse.</p>
<p><strong>Mas por que a IoT é tão crítica para a energia renovável?</strong></p>
<p>Independentemente do tamanho de uma usina, os dados de desempenho, bem como informações relacionadas à manutenção – como vibração, temperatura e desgaste – podem ser coletados por dispositivos na instalação e transmitidos para gateways fora do local, onde técnicos em serviço poderão usá-los para ajustar configurações e otimizar a manutenção remotamente. Tais informações são coletadas e retransmitidas de forma compatível com análises de alto desempenho e outros aplicativos, incluindo agendamento de inspeção, detecção de falhas e monitoramento de geração.</p>
<p>Como resultado, as decisões do operador que afetam a integração da rede elétrica, como controle de tensão, comutação de carga e configuração de rede, podem ser compartilhadas entre indivíduos em diferentes locais — independentemente de suas localizações físicas. Algumas dessas decisões podem até mesmo ser automatizadas.</p>
<p>Em 2016, o esboço conceitual de um sistema de monitoramento baseado em IoT para geração solar foi apresentado na II Conferência Internacional sobre Controle, Instrumentação, Energia & Comunicação. O conceito, rico em dados dos autores, monitoraria o desempenho das usinas solares de forma holística usando a tecnologia IoT. Os autores apontaram que a integração de instalações de energia solar em larga escala em redes de energia regionais exigiria análises de dados de alto nível para a tomada de decisões, bem como análises históricas de seu desempenho — um papel fundamental para a IoT.</p>
<p><strong>A geração de energia, porém, não será sua única aplicação.</strong></p>
<p>A Internet das Coisas é adequada também para projetos de conservação de energia. Um exemplo surpreendente de conservação de energia com IoT combinado com Inteligência Artificial e outras tecnologias avançadas é o Empire State Building de Nova York. O edifício, no auge de seus quase 90 anos de existência, se tornou muito mais inteligente através de um recente projeto de retrofit que custou US$ 550 milhões. Hoje, dispositivos IoT rastreiam os níveis de CO2 e de luz, movimentos, ocupação de carga, temperatura-ambiente, consumo de energia e muitos outros parâmetros para otimizar decisões relacionadas à energia do prédio. Um dos inquilinos corporativos do emblemático edifício, que ocupa todo o 32º andar, registrou uma redução de 57% nos gastos com eletricidade. E, além dos inúmeros benefícios ambientais, a economia de energia da empresa deverá atingir cerca de US$ 680 mil ao longo de seu contrato de 15 anos. Multiplique isso pelos 102 andares do Empire State – e a economia de energia se torna ainda mais impressionante.</p>
<p><strong>O que a IoT representa, então, para a indústria solar?</strong></p>
<p>Em reflexão sobre a contribuição da IoT para a Transformação Digital em instalações solares, um blogueiro da Sierra Wireless recentemente posicionou-se desta forma: “A IoT pode resolver desafios comuns associados a redes de energia complexas, tornando muito mais fácil gerenciar painéis e saídas de energia”.</p>
<p>Dito isso, o fato é que o uso de sistemas de IoT por usinas de energia para controle de instalações de painéis amplamente distribuídas não ajudará apenas no atendimento à demanda dos clientes. A mudança será capaz de melhorar a eficiência geral ao mesmo tempo em que facilitará a implantação de uma muito bem-vinda Transformação Digital ao longo de todos os processos e suas operações.</p>
<p><em>(*) Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios da TeamViewer.</em></p>